22 de abril de 2005
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Biografia de Josefa Santos Cunha (Dr.ª Ceci Cunha)

O município de Feira Grande teve o privilégio de ver nascer uma de suas filhas cuja luz brilhou intensamente no cenário local, regional, estadual, nacional e internacional.
O calendário assinalava o dia 15 de agosto do ano de 1949 quando o casal Antônio José dos Santos e Josefa Rosa de Lira viu nascer mais uma filha, a quem dera o nome de Josefa Santos, que carinhosamente era chamada de Ceci, em função do desejo de seus pais para esse nome compusesse seu registro de nascimento, o que não se concretizara face a falha de memória, de boa comunicação e pressa para concluir o processo de registro.
O cenário para o nascimento foi a casa situada na Rua do Comércio, precisamente onde hoje está implantada a agência do Banco do Brasil daquela cidade.
Criança inteligente e esforçada, a pequena Ceci iniciou seus estudos na Escola Rural de Olho D’Água do Meio, tendo como sua primeira professora a “tia Florentino”, de fato sua tia – testemunha de sua luta e esforço para conquistar os espaços que o futuro lhe reservava, e motivadora para que estes espaços se concretizassem.
Em 1960 Ceci, seus pais e irmãos foram morar em Maceió, pois o Sr. Antônio José dos Santos ali se instalara para exercer atividades mercantis.
Em 1966 retornara a Arapiraca, onde estudou no Colégio São Francisco de Assis.
Exerceu o magistério com esmero e carinho – experiência que ela relatava com muito orgulho.
Ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas após ter prestado seu primeiro vestibular, onde obteve toda sua formação acadêmica que a habilitou para o exercício da medicina – profissão que era sua vocação e que foi honrada em toda a sua vida. Fez residência médica no Hospital no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, assumindo a obstetrícia como ramo da medicina a realizá-la profissionalmente.
Iniciou suas atividades profissionais na Casa de Saúde Neves Pinto, em Maceió, e, logo em seguida retornou para Arapiraca onde, durante mais de 20 anos, exerceu a medicina com extrema dedicação e muito amor, tendo realizado milhares de partos e, por exercer a profissão com esmero e capacidade de “servir”, rendeu-lhe algumas centenas de afilhados(as) e compadres/comadres. A Casa de Saúde Nossa Senhora de Fátima e o Hospital Regional de Arapiraca foram seu permanente “celeiro profissional”, enriquecido por desenvolver atividades como conveniada junto a UNIMED, ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica Federal, ao IPASEAL, aos Correios e, muito intensamente em seu consultório particular.
Realizou seu sonho matrimonial com Juvenal Cunha, ainda quando estava realizando sua residência médica. Juvenal foi o companheiro com o qual construiu a família que é constituída de Adriana e Rodrigo como filhos, Danilo, como genro, e Diana como neta.
Talhada para servir à comunidade, em 1988 foi convocada para participar do processo eleitoral, tendo sido eleita Vereadora com a maior votação obtida entre os concorrentes.
Juntamente com Célia Rocha, também eleita no mesmo pleito, compôs a maior bancada feminina daquela Casa, até a presente data. Foram 04 (quatro) vigorosas mulheres que se destacaram no exercício da Vereança, com ações parlamentares e políticas que redirecionaram a história política-administrativa de Arapiraca.
Em 1989 participou ativamente da campanha de Mário Covas à Presidência da República.
Em 1990 foi candidata a Deputada Estadual.
Em 1992 foi reeleita Vereadora e, por sua força, coragem e liderança, em 1994 disputou o mandato de Deputada Federal, tendo sido a primeira mulher de origem na região agrestina a conquistar espaço tão privilegiado e honroso, graças ao apoio e articulação da companheira Célia Rocha, sua co-irmã e das lideranças políticas de Arapiraca e do Agreste, destacando-se o Senador Teotônio Vilela Filho como referência política e pessoal.
Seu carisma pessoal, sua folha de serviços prestados, e, evidentemente, a confiança que seu povo lhe conferiu/consolidou, foram ingredientes constantes em toda sua vida, a lhes conferir espaço e luz própria a realçar sua grande obra enquanto vida lhe fora permitido ter.
Em Brasília descobriu ser capaz de permear os meandros do Poder Central (Ministérios, Secretarias, Palácio do Governo), valendo-lhe o título de “formiguinha”. Desta capacidade, e de sua condição de parlamentar governista – era filiada ao PSDB – Partido do então Presidente Fernando Henrique Cardoso, conseguiu alocar recursos para Arapiraca, para a Região agrestina e para todas as regiões do Estado de Alagoas, a resultar em obras estruturantes nas Zonas Urbana e Rural de muitos municípios alagoanos.
Ceci cultivou uma preferência especial por Arapiraca, pela Região do Baixo São Francisco e pela Região Agreste, sua principal base de sustentação política.
Contou com o apoio inconteste do Senador Teotônio Vilela Filho nas conquistas empreendidas e exercia o papel de catalisadora junto aos demais membros da bancada federal do estado de Alagoas.
Teve participação ativa nas diversas instâncias da Câmara Federal, inclusive no cumprimento de missões internacionais, destacando-se sua participação na Conferência Internacional da Mulher, em Pequim, na China.
Em 1996 contribuiu com a eleição da Vereadora Célia Rocha para o cargo de Prefeita do Município de Arapiraca, através de seu empenho e com a demonstração de sua capacidade de representação na Câmara dos Deputados, onde destacou a importância de Arapiraca e Região no cenário alagoano.
Em 1998 foi reeleita Deputada Federal, com consagradora votação, representada por 55.000 votos (quase o dobro da votação da eleição de 1994).
Em 16 de dezembro de 1998, após diplomada, teve sua vida ceifada em uma chacina promovida por quem não aceita perdas de espaço e poder, sobretudo porque referidas perdas foram para uma mulher que emergiu oriunda do interior do Estado, construiu sua própria história de sucesso, e agregou outras valorosas mulheres neste contexto.
Violentamente a trucidaram, numa manobra para dificultar a evolução de legítimas lideranças comprometida com o desenvolvimento e bem estar de nosso(as) concidadãos(ãs).
Na chacina, mais três membros de sua família foram sacrificados – Juvenal Cunha, seu esposo; Iran, seu cunhado; e Ítala Neide, mãe de seu cunhado.
A dor e o sofrimento se abateu sobre toda a sociedade alagoana e brasileira, porém, concretamente, apesar de toda a dimensão e representatividade da mulher mãe, médica e política inserida nos meandros do poder situacionista/governista, não há visibilidade de ações finais que se permita assegurar ter sido feito justiça.
Ceci legou à sociedade arapiraquense e alagoana um patrimônio de lealdade, trabalho, respeito e dignidade que necessita ser preservado.
Ceci tem recebido várias homenagens, como nomes de Ruas, Avenidas, Parques, Loteamentos, edificações e, principalmente, a ternura permanente de familiares e amigos que guardam na memória o muito que ela representou e realizou.
Como Célia Rocha, entrou para a história política administrativa arapiraquense como contribuinte no redesenho desta história, inclusive com o resgate, a dignificação e a valorização da mulher como co-partícipe da construção da sociedade que todos almejamos.

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